terça-feira, 27 de abril de 2010

Recebi um email hoje no qual estava escrito:


"gente, não sei se todo mundo acompanha as coisas assim, mas ...
além deste grupo de e-mails, a bicicletada, as reuniões sobre mobilidade humana, as pessoas q vem se agregando afins destes temas e q vem virando um organismo desde novembro, a partir da ocasião da audiencia pública sobre o sistema cicloviário, agora tb estão trocando altas coisas bacanas com muito mais gente ainda no NING MOBILIDADE HUMANA. pra quem não sabe o q é NING, é uma rede social com um fim específico e comum das pessoas q se tornam membros. e neste caso do Mobilidade Humana, ...Uma rede pensada para entrelaçar as relações que mantemos com os lugares, com as pessoas, com os espaços, com os significados individuais, sociais e coletivos que atribuímos às cidades e aos movimentos que fazemos para nela existir. O movimento é a costura e o tecido, o amálgama e a imagem, o lugar de existir e de ser evasão na indissociável relação entre sujeitos, subjetividades e espaço. Aqui, desejamos constituir novas ações, pensamentos e idéias que reposicionem não só as formas como nos deslocamos, mas sobretudo, quem somos quando nos deslocamos."

naturalmente q vcs estão convidados a se tornarem membros!
aqui o link: 
http://mobilidadehu mana.ning. com/?xgi= 11pkiuIUYs9PAk&xg_source=msg_ invite_net
parece q o convite parece não chegou aqui no grupo pq o e-mail do sistema do ning não é cadastrado no grupo, né?
então, pronto!
abraço à todos!

Thaís Monteiro"

E como resposta, enviei:

"Eu gosto do ar romântico do texto, mas, infelizmente, nessa empreitada diária em que me encontro, na qual atravesso a cidade todo dia entre o Vicente Pizon e o Pici, sobre minha bicicleta, não encontro muito desse romance nas ruas. 

É raro, mas às vezes ele surge numa ruela mais calma, sem carro, em que as pessoas estão livres dos carros, ou quando saio de casa ainda muito cedo e a sensação de pedalar num feriado ou num domingo à tarde traz essa coisa bonita intrínseca da mobilidade a tração humana. 

Porém, ah porém, o que vejo todo dia é uma quantidade constante - não diria que aumenta ou diminua - de gente mal educada em que insiste em ver de maneira preconceituosa e medrosa uma bicicleta defronte de seus carros - aquelas máquinas que seus donos têm a ilusão que só foi feita para acelerar -, sim, porque com a média de velocidade do trânsito na "capital interiorana" do Ceará, consigo, na maioria dos trechos dos trajetos que escolho, desenvolver velocidades maiores que as dos carros. 

Em contrapartida, os riscos são grandes e sempre me deparo com alguma situação em que tenho que me pronunciar perante aquele indivíduo por detrás de um vidro fumê nojento, que detona com seu palavreado contra minha pessoa graças a não conseguir me ultrapassar ou, se consegue ultrapassar, tirando uma fina de mim - coisa de 10-15cm em vez de 1,5m - recebe uma advertência minha que questiona se ele quer assassinar alguém, no caso eu! 

"Vivemos no país errado", acabei de escutar um amigo ciclista de trilha - na cidade ele tem medo e não pedala no asfalto - falar sobre sua vontade de viver num local em que haja respeito para com o outro. 

Essa utopia de entrelaçar relações pode até vir a acontecer entre ciclistas e aficcionados, simpatizantes e empolgados, mas com a população em geral desta cidade acho muito difícil, mesmo com alguns sinais de melhoras oriundos dos passeios que se espalham pela cidade, mas que mesmo assim ainda podemos identificar algumas mazelas: alguns motoristas são pacientes com ciclistas porque têm amigos que pedalam ou porque vêem no capacete ou nas luzes um ciclista com maior poder aquisitivo, mas se encontram um "qualquer", colocam por cima mesmo!

Essa semana um colega foi atropelado por um carro que ultrapassou sinal vermelho, indo todo quebrado para o hospital, de onde só saiu par ao cemitério, e ele estava paramentado!
 
É cruel pedalar em Fortaleza, mas não desisto, e admiro quaisquer tentativas de mobilização e sensibilização.

Só não tenho muita paciência para essa visão romântica da coisa por causa da difícil realidade, contudo, no que concerne ações de planejamento e mudanças efetivas da prática, podem contar comigo.

E todo esse desabafo se dá devido à necessidade de vencer os 15-16km entre onde moro e onde tenho aulas em 39-40 minutos, não fosse isso, duraria mais de uma hora na pedalada, passando por ruas as mais tranqüilas e lentas possíveis, apreciando as raras boas arquiteturas ou as moças de fino trato nas calçadas, e assim me depararia com muito menos riscos.

Pedalar é muito prazeroso, traz vigor, alegria e economia.

Se o ambiente urbano fosse propício, então seria a glória!"


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