quarta-feira, 1 de julho de 2015

2015

Há tempos não escrevo aqui no blog... 

Credito essa ausência à condição em que me encontrei em maio de 2014, quando numa queda rompi o ligamento cruzado anterior direito. Foram 8 meses até retomar as pedaladas em janeiro desse ano. Muita fisioterapia, antes e depois da cirurgia, a qual foi um sucesso graças à experiência do médico Gustavo Pires. A fisioterapeuta Cibele Lessa, da precária clínica Intorse foi a responsável pelas corretas orientações, acelerando o processo de recuperação. Ainda enfrentei seções de hidroterapia e de musculação, que me prepararam para encarar o rolo que consegui emprestado com o Jean Loui. Foi o que basicamente me capacitou a voltar para as pedaladas com uma certa força nas pernas.

Atualmente, tenho utilizado a bicicleta para trabalhar à tarde em escritório de arquitetura que dista 1,5km de casa e para alguns treinos e trilhas. O que mudou basicamente foi que até agora não participei de nenhuma competição. Então, assim, não há foco competitivo nos treinos, apenas manutenção de uma condição física que me dê condições de participar de uma trilha sem sofrer.

Na cidade, a grande novidade que aconteceu nesse intervalo em que não pedalei foi a implantação de uma série de ciclo-faixas, como as do binário da Av. Santos Dumont e Av. Dom Luis, a da Av. Antonio Sales e as perpendiculares nas Av. Rui Barbosa e R. Carlos Vasconselos.

Decorrente dessa implantação, a atual gestão da Prefeitura de Fortaleza também instalou o sistema de bicicletas alugáveis, com várias estações na cidade (infelizmente ainda não se espalharam para as regiões metropolitanas), e, aos domingos, uma ciclovia de lazer, segregada do trânsito por cones, liga a Ciclovia da Av. Washington Soares ao Passeio Público no Centro.

Ah! Faixas exclusivas para coletivos - ônibus, micro-ônibus, vans, transporte escolar e táxis - surgiram em avenidas acima citadas, favorecendo e agilizando os deslocamentos no sentido leste-oeste da cidade. 

As "melhorias" para os carros vieram na forma de túneis e um viaduto de dois andares, os quais, sem exceção, engarrafam nos horários de pico, deixando aquela sensação de que não adiantaram nada nos horários mais complicados.

Relutei um bocado até que usei a ciclofaixa da Av. Antonio Sales. E, como era de se esperar, agilizou bastante o percurso até a extinta Savana Bike Shop, que havia retornado para a Av. Miguel Dias. Agora, posso ir nela até quase o último quarteirão da avenida, pegar por dentro até a calçada da Av. Eng. Santana Junior para uma utilização compartilhada com pedestres, o que me garante chegar à ciclovia da Av. Rogaciano Leite. Lá na frente, a nova Av. Chanceler Edson Queiroz também tem ciclovia, que só vai até a Av. Miguel Dias, mas que possibilita o ciclista a se aproximar mais protegidamente da ciclovia da Av. Washington Soares.

Só que tem um porém! Devido à ausência de campanhas educativas/elucidativas por parte dos órgãos competentes, desde a Autarquia Municipal de Trânsito, passando pela Polícia e chegando à Prefeitura, a desordem reina no dia-a-dia desses espaços destinados à utilização da bicicleta, sejam ciclovias, sejam ciclofaixas. Motoqueiros se aproveitam, motoristas continuam avançando para cima dos ciclistas, ciclistas na contramão e uma série de outros "invasores", como corredores ("coopistas"), carrinhos de pipoca, catadores de lixo...

Os piores são os que põem em risco a integridade física do ciclista que vem corretamente na via. 

São maioria as ciclofaixas, por exemplo, com apenas um sentido, e apenas duas, salvo engano, com trechos com dois sentidos. Então, se você ciclista, estiver numa ciclofaixa com mão única, como a da Av. Santos Dumont, p.ex., e se deparar com um outro ciclista vindo na contra-mão, posicione-se o mais próximo possível da calçada e aponte para a faixa de veículos, porque assim, se houver uma colisão frontal, você não correrá o risco de ser lançado para a faixa dos carros.

Por vezes, é melhor evitar as ciclofaixas. Mas tem outro porém! As vias locais, que deveriam ter limites de velocidade de 30km/h, têm sido utilizadas por muitos motoristas como atalhos para sair de situações de engarrafamentos nas vias arteriais, esquecendo-se de obedecer os limites de 40km/h, de sinalizar, de manter a distância de 1,5m do ciclista, avançando sinais...

Vivemos a era dos suicidas no trânsito, com tantas desobediências, tantas infrações, tantos avanços de sinais vermelhos. Portanto, MUITO CUIDADO!!! Parar e olhar para os dois lados é necessário até quando o sinal estiver verde!



quinta-feira, 16 de abril de 2015

A difícil arte de se pedalar em Fortaleza

Fortaleza, 29 de abril de 2014. Antes fosse 1º de abril. Mas não, foi hoje mesmo, às 13h15, numa rua calma, que cruza uma outra tão tranquila como. Voltava do almoço, um trajeto que faço quase todo dia para visitar familiares e com eles almoçar. Como de costume, sempre vario o trajeto, utilizando dois distintos para ir e outros dois também diferenciados para retornar. O erro de hoje foi ter saído sem capacete. Ia mencionar que não estava com meus óculos, mas se comparado a pedalar sem capacete, referindo-me à segurança, até me perdoo, visto que os esqueci em casa de amigo no fim de semana. Até tenho outros, mas são esportivos, então só os utilizo mesmo em treinos de mountainbike. No trânsito, prefiro os quadrados, aos quais já me acostumei. Outra função dos óculos, além de proteger os olhos, é o efeito "vidro fumê", tipo o dos carros, quando não é possível identificar o motorista. No caso do ciclista, quando por algum motivo de força maior é necessário defender-se de algum mal proveniente de integrantes do trânsito, fica mais difícil a visualização e memorização do rosto, lembrando que a intenção nunca é a de atrair, gerar ou fomentar qualquer tipo de conflito. Infelizmente, graças a anos de experiência sobre as duas rodas silenciosas, no meu caso, desenvolvi um sentido aguçado para me precaver de possíveis colisões. Tanto que a única vez que fui atingido por um carro foi quando precisei acessar uma calçada devido a uma poça d'água gigante em meio ao trânsito parado e quando fui atravessar um cruzamento, surgiu da outra pista um fusca que entrava à esquerda, pegando-me em cheio de frente, só não sendo pior porque estávamos em baixas velocidades. Eu bolei por sobre o capô do fusca do oficial do exército, minha bike teve seu aro dianteiro empenado, ficando feito um oito, ele prontamente preocupou-se com minha integridade, e logo nos despedimos, sendo que eu ainda tive que desempenar a roda com saltos sobre a mesma, foi um susto da porra. De resto, minhas quedas foram ocasionadas por mim, e somente eu me machuquei. Mas hoje, aconteceu o inacreditável. Saí sem óculos e sem capacete, lembrando-me do meu Giro assim que cheguei no portão do prédio, mas não dava tempo retornar, então segui mais cauteloso. Desci a ladeira meio receoso por causa do pessoal da construção vizinha, com quem andei reclamando por trabalharem além do horário legal permitido. Foda! Nesse país, um cidadão que reclama pela manutenção de seus direitos tem uma interpretação invertida, passando a vilão do ocorrido! Daí a paranoia, achando que a qualquer momento um pedreiro avançará pro meu lado a fim de me agredir. Passei em frente ao stand de vendas, tudo transcorrendo bem; atravessei a avenida, passei por um posto de gasolina e acessei uma rua tipo a que moro: mão única, carros estacionados de um lado e de outro, e eu sempre na torcida para que algum agoniado não apareça, e caso surja do nada, espero toda vez que seu comportamento seja exemplar, que tenha paciência, pois no máximo serão 50m até o cruzamento. Nem sempre. Hoje, por ali, não encontrei nenhum. Atravessei uma via arterial na malícia por detrás de um carro em alta velocidade. No outro quarteirão, onde vez ou outra me deparo com carros na contra-mão, também não teve ocorrências. Uma última avenida ficou para trás e ainda faltavam quatro quarteirões e meio. Surpreendentemente, foi uma maravilha, e cheguei alegre para almoçar. Uma boa parcela da família presente garantiu a boa conversa, ajudando na digestão e alegrando o dia. Tanto que, na volta, vinha eu pensando em projetos novos e em seus desafios. O trânsito parecia o de um sábado à tarde. Mas logo depois da travessia da última avenida, eu na rua onde moro, a dois quarteirões de meu destino, notei que um carro barulhento acelerava fortemente, vindo em minha direção. Quando o mesmo se aproximou, coloquei-me mais à direita, foi quando escutei buzinadas. De relance, olhei para trás e quando vi, a quina de um Volkswagen velho vinha na direção da minha perna esquerda, já a menos de um metro de atingi-la! Não tive dúvidas: desencaixei meu calçado do pedal, contraí a panturrilha, levantando o calcanhar, de modo que se fosse atingido, eu tentaria amortecer com o pé, em vez de lavar uma porrada. Não deu outra: o vidro do farol quebrou-se com o choque. Aí olhei pra trás e avistei uma senhora gorda, que começou a gritar, xingando-me com muita ira. Balancei a cabeça e atravessei o cruzamento. Ela, não satisfeita, acelerou, cantou pneu e veio com tudo para me atingir, tentando descontar. Minha sorte foi que deu tempo passar de um carro estacionado. Assim que passei, freei e subi a calçada, já com a adrenalina ativada e para explodir de raiva, não acreditando naquela cena! Foi quando percebi que havia um carona, um cara calvo com porte de lutador. Eu já tinha dado a volta completa no carro estacionado, tirei o celular do bolso, fotografei o carro, pegando placa e os dois indivíduos. A mulher, que havia freado para ver o farol, encontrou o cara que desceu também à frente do veículo, e eu passei pela esquerda do carro, puto, jogando todo o peso da minha mão direita no retrovisor, e dizendo que aquilo era por causa dela ter jogado uma tonelada auto-motora, fazendo do carro uma arma branca, pra cima de mim. E me vi de repente em meio a uma gritaria na rua, que rapidamente juntou gente do mercadinho, da obra, do beco e dos prédios para assistir ao circo urbano, foi triste! Eu estava em frente ao prédio que moro! Não podia entrar! Seria entregar meu endereço para aquela dupla! O cara, que antes de eu ter acertado o retrovisor pedia para encerrar aquela merda por ali mesmo, veio na minha direção, perguntando-me se eu queria "entrar numas", no que respondi que eles que me colocaram naquela situação, e, de repente, levei dois murros na cara de raspão, pois ainda consegui me esquivar um pouco. O cara parou e falou "o que eu estou fazendo?" (?!), e eu lhe disse que estava perdendo a cabeça por causa daquela "jumenta parida". Peguei minha bike e fui em direção ao carro novamente! Eu queria achar uma pedra para quebrar algum vidro, de preferência o dianteiro, mas não achei. O sujeito veio de novo, mas consegui passar por ele sem que ele me atingisse, e aí, esmurrei novamente o mesmo retrovisor, que antes não havia caído, e dessa vez foi para o chão, dizendo que dessa vez era pela agressão dele e fui-me embora, passando pela multidão, pedindo desculpas pela cena, e reforçando que eu estava simplesmente me protegendo. Meu endereço ficou para trás. O cara vinha caminhando. Eu mirei o dedo pra ele e fui embora. Pedalei dois quarteirões adiante, dobrei à direita e novamente à direita para retornar por uma avenida, o que me deu chances de visualizar dali o alvoroço em frente ao mercadinho. Aí passei e num quarteirão à frente dobrei à direita para fazer o mesmo na rua que moro. Mas parei antes na esquina, encontrando um dos entregadores do mercadinho em sua bicicleta cargueira. Perguntei se ainda estavam lá e ele disse que não. Avistei um morador me chamando e quando me aproximei, ele disse que o cara pegou uma chave de fenda grande no carro e estava a pé à minha procura. Agradeci e fui em direção ao portão do prédio, entrando e subindo rapidamente para preparar um Boletim de Ocorrência Eletrônico, já que não achei prudente ir pessoalmente à delegacia, visto que os dois também poderiam ter feito o mesmo. Então, em casa, preenchi tudo, redigi um texto e submeti. Aí, mais uma vez o país mostrou sua cara, pois o boletim sobre uma ocorrência de acidente de trânsito não pôde ser registrado porque havia dado um erro e eu teria que realmente ir à delegacia! Filhos da puta! Só porque um dos veículos era uma bicicleta, o "erro" ocorrera! O resto do dia passei tenso, com muta raiva, sem conseguir trabalhar eficazmente. Foooooda!!!!!!!! Preciso urgentemente ir morar em um lugar mais civilizado, porque nessa terra de valores invertidos eu vou acabar numa cadeira de rodas, senão morto! E agora, como é prudente agir, terei que dar um tempo nas pedaladas urbanas ou mudar meu visual, cortando o cabelo quase no zero, eliminando a barba, utilizando um capacete que só sai do armário nessas ocasiões, calças em vez de bermuda por causa da tatuagem, e até cancelando temporariamente contas em redes sociais! Espero não encontrar aquela dupla nunca mais! Espero que sejam bem felizes e que parem de agir assim no trânsito, onde obedecer as regras é primordial para que todos se entendam e saiam ilesos, atitudes raras na capital cearense. Não vou publicar a foto, mas irei amanhã de manhã à delegacia! E só não paro de me locomover de bike porque gosto muito! Outros vários desistiram na primeira tentativa!

domingo, 9 de fevereiro de 2014

102,3km

Eram 11h10 da manhã, quando saí do apartamento do Edifício Bárbara de Alencar, na rua de mesmo nome, acompanhado da minha bicicleta, de meu celular, de ferramentas, câmara de ar, bomba de ar, documento de identidade, algum dinheiro, um sanduíche de pão de forma integral, dividido em quatro partes e embalados com papel plástico, além de duas barras de cereal de açaí com banana, bala de sal, chocolate e duas garrafinhas com água. Meu celular proveu-me de música com MP3 tocando aleatoriamente, e meu ciclo-computador, mesmo no princípio sem querer funcionar, trabalhou 95% do tempo.
Então, desci a rua do prédio, dobrei à esquerda e fui no rumo da Rua Clarindo de Queiroz, onde para variar, até porque era sábado ainda de manhã, encontrei um trânsito infernal, tendo que mencionar um taxista infeliz que fechou o trânsito, não quis dar uma pequena ré para eu passar. Mesmo eu pedindo educadamente, o cara mandou-me um cotoco descaradamente, resultando em uma pequena confusão, da qual saí logo de perto, aproveitando-me do trânsito parado!
Alcancei a ciclovia da Av. Bezerra de Menezes, consegui rodar bem, sem grandes problemas, mas, logicamente, a ciclovia estava cheia de gente atrapalhando a pedalada.
E nela segui pela Av. Mister Hull até onde deixou de existir canteiro central, quando fui para o asfalto e nele segui mesmo quando passei pela reserva indígena na estrada que vai para Caucaia e que tem ciclovia.
A velocidade era boa, o vento soprava fortemente, o clima estava agradável graças à condição nublada do céu, que choveu mais cedo, tipo meia hora antes de eu sair.
Mas quando optei por pegar a estrada que vai para a Praia do Icaraí, encarei um vento nos peitos e uma subida que minguaram a velocidade.
A rotatória que dá início Estruturante apareceu logo, bem mais perto de quando se vem da Barra do Ceará. Um trânsito intenso, mas nada complicado.
Por duas vezes, enganei-me com relação à última curva, e lembro também que a média rondava os 38 a 40km/h.
Logo, minha zona de conforto seria completamente convertida na trabalheira que dá pedalar em um estradão em dia de chuva, com seu piso molhado e pesado, prendendo os pneus ao chão, deixando a média por volta dos 20km/h.
Assim que encontrei a entrada, um single track ia de encontro a um açude cercado que mesmo assim me deu vontade de cair na água, pois estava um pouco abafado.
Eu pensava que era o único açude que tem por ali, mas não, adiante, logo após uma vila da qual me lembrava, tem um outro açude menor, mas com água, e mesmo assim eu não parei, talvez se tivesse sol.
A todo instante, pensava na Raquel, na noite anterior, quando ela pirou e causou um mal estar tamanho que me fez desistir de ir pedalar ou à praia com ela. O intuito então foi que encarei a pedalada como algo que tanto gosto, que precisava fazer, para esquecer de todas as cenas de ontem.
E deu certo, porque as dificuldades do estradão me fizeram esquecer dela, preocupando-me com ritmo, cadência, velocidade real, hidratação, alimentação, horário e escolha entre direitas e esquerdas nas bifurcações.
A serra, cujo nome até hoje não sei, acompanhou-me à esquerda durante toda aquela etapa entre a Estruturante e a BR. Passei por algumas localidades, até que na última, parei para tomar uma coca-cola em lata e comer um quarto do meu sanduíche.
A partir dali, já era asfalto, e rapidamente, cheguei à BR, onde optei por dobrar à esquerda, sem saber se estava correto, mas logo encontrei uma entrada à direita, com placa Fazenda Bela Vista, e virei, já avistando a passagem por sobre a parte mais baixa da serra.
Fui devagarinho, suindo, curtindo o visual, estava soprando um vento muito bom contra, bem frio para as condições locais. Cheguei em pouco tempo lá em cima, parando 15 segundos para aproveitar a vista, mas logo encarando a descida, que proporcionou uns dez saltos, aproveitando a inclinação de algumas pedras para voar.
Engraçada a sensação de auto-preservação nessas horas, pois já que eu estava sozinho, tive que me segurar para não me empolgar e não sofrer nenhum acidente, e deu certo.
Outra observação é a da tranquilidade transmitida pelos pneus sem câmara de ar e com líquido selante, que no meu caso uso os Maxxis Cross Mark próprios para esse uso. Além do que, pelo fato de não ter câmara, a calibragem é menor, transmitindo maior conforto na pedalada, a qual, por ser numa bicicleta com rodas de tamanho 29 polegadas, tudo vai a favor, numa segurança extraordinária, e, assim, diminuindo em vários pontos a possibilidade de algum acidente, mesmo em trilhas com pedras, down hills e valas para derrubar um ciclista.
Parei num colégio, cujo portão não estava trancado, para pegar água em um bebedouro, entrei assobiando, mas não apareceu ninguém. E tome estrada depois, até que alcancei o cruzamento  por sobre o qual passavam os fios das torres de energia da CHESF, era a Estrada da Chesf, aquela que serve de passagem para os veículos de manutenção das torres, e a qual me levaria à subida da Trilha da Taquara.
Passei por uma casa com cachorros presos a galhos de uma árvore, logo depois me deparei com uma cerca de ferro, a qual também não estava trancada, mas com um cordão, indicando que sua função era impedir alguma criação de sair do terreno, motivo que me fez, como sempre faço, fechar a cerca e ir-me embora.
Bateu a fome, então parei para comer uma das duas barras de cereal que trouxe. Bati uma foto sentado no chão, mostrando a bike deitada no chão e a trilha fechando em um túnel de vegetação, o que rendeu uma boa publicação no Instagran ao chegar em casa.

Putz, contei o final, mas besteira, é porque durante alguns trechos, a vontade de retornar ou de tomar o rumo mais curto, fizeram-me transmitir essa vontade para a de chegar logo em casa, então tomei como meta chegar em casa, e, depois acabei ainda pensando em será se ia chegar em casa, que respondia mais que nada, lógico que chegarei, só ter paciência.
Nesse quesito paciência, o cérebro trabalhou muito bem, e alguns trechos que considerava que seriam longos e penosos, mostraram-se técnicos e rápidos.
Coloquei como meta chegar àquele bar próximo à Taquara que desde os primórdios, quando fui nas minhas primeiras trilhas na Taquara, sempre parava ali com o Chaves e vários outros para tomar uma boa coca-cola.
Que trilhas boas! Valem à pena todo o pedal difícil até elas!
Sozinho, curtindo, ouvindo boa e instigante música, sentindo-me bem fisicamente, a bike reclamando de lama, mas eu aplicando óleo na medida necessária.
Muito massa a sensação, o poder, a mudança constante de cenário, a ligação com a natureza, os odores, as visuais, a mágica que é tudo aquilo ao mesmo tempo e tudo misturado à adrenalina.
Depois de uma descida muito boa, chegou uma subida que certa vez encarei com um grupo de mountainbikers amigos, e lembro que a brincadeira era zerar o percurso que deve ter uns 150m com uns 25% de inclinação.
Tentei, mas a chuva que caiu cedo molhou as pedras e acabei derrapando, colocando assim o pé no chão.
Lá em cima, mais duas fotos, uma olhando pra trás e outra visualizando a linha reta formada por torres, fios e a estrada subindo a Taquara lá adiante.


Faltava um bocado ainda.
Preparei-me para descer mais uma boa ladeira, tentando descansar ao máximo para ter mais energia quando tivesse que pedalar. O aproveitamento da descida conta ainda com melhor escolha da linha e fluidez para transpor obstáculos, ora saltando, ora triscando neles.
Já no plano, com o chão molhado e algumas poças de lama, era necessário achar a passagem a mais seca possível, porque senão o jeito era descer da bike para evitar que muita lama atingisse as peças da transmissão, corrente, cassete, coroas e passadores.
E, quando olhei para a esquerda, de repente eu já tinha ultrapassado a quina da Serra do Juá, o que significava que a travessia da BR020 estava próxima.
Estava seco por uma coca-cola, mas ainda tinha um desvio que a estrada faz para evitar um baixio com um lamaçal que certa vez encarei, para nunca mais!
A última porteira chegou, passei, fechei e o asfalto apareceu. Dobrei à esquerda rumo Norte, rumo Fortaleza, para pedalar uns 300m até virar à direita para mais um trecho plano de estradão quase fechado por causa da vegetação, que indicava que já chovera o suficiente para tudo estar verde e desenvolvido.
A meta era um cruzamento adiante, vizinho da casa do senhor que tem um mercadinho, onde uma coca-cola de 600ml me esperava, e onde aproveitei para lanchar também.
Por lá, dois carros tipo gaiola, desses montados para andar em trilha estavam parados. Na varanda, um cara gordo com o filho e outro senhor. Puxaram conversa e o gordo foi logo falando que pedalava, mas se acomodou e agora está investindo em motor para conseguir chegar às trilhas. Que tem uma bike encostada em casa, mas não a usa mais. Sugeri que ele comprasse um rolo para pedalar em casa, e ele se animou. Também dei a ideia dele levar o filho ao Terra na Veia para ver se o menino se empolga a ponto dele comprar uma bike.
Parti dali escutando que vinham 20 carros, jeeps e caminhonetes descendo a Taquara.
Pedalei uns 100m, atravessei uma passagem molhada e parei para pegar o óleo e colocar mais um pouco na corrente, sendo que essa foi a 3ª aplicação do dia, ou 4ª já que em casa limpei a corrente com desengripante.
Cheguei à estradinha que leva à subida, passei pela esquina onde há uma casa com bar onde já parei muito para tomar alguma coisa durante pedaladas na Taquara.
No que comecei a subir, passei pela caravana. Um baja, um jeep, uma gaiola e uma caminhonete com um gordo com cara de imbecil que, em vez de sair do meio ao me ver me matando para subir pedalando, ficou parado, olhando-me, o que lhe rendeu um cagaço da minha parte. Minha raiva ainda aumentou quando avistei o rastro deixado por aquele povo mal educado.
Nos instantes seguintes, já tinha esquecido e dado mais importância aos batentes e pedras da trilha, que demandavam bastante dificuldades para conseguir subir sem colocar os pés no chão.
Escutei barulho de moto, mas não apareceram, e o motivo foi porque estava no prego no meio da subida. Eram dois caras, duas motos. Um deles falou em coragem da minha parte por estar encarando aquela trilha sozinho. E eu respondi dizendo que coragem era a deles de destruírem a trilha e deixarem tanto lixo no caminho, bem como pela falta de noção por parte de alguns motoristas, referindo-me ao gordo lá da caravana.
O cara se calou, eu montei na bike e pedalei todo o restante da subida no intuito de humilhar mesmo, porque sei que nenhum deles tem a capacidade cardio-vascular e nem muscular de se fazer transportar sobre uma bicicleta num local como aquele.
foto: Diego Braide

Lá em cima, mais uma parada para descansar, mas por pouco tempo, o suficiente apenas para apreciar a vista da civilização lá embaixo.
E era chegada a hora da melhor diversão de todos os 100km: a descida da Taquara, que só não foi melhor porque um motoqueiro passou por mim, deixando-me apreensivo, mas ele parou adiante e segui sozinho, acho que porque ele esperou um amigo e avisou que tiha um biker descendo, então devem ter dado um tempo, tanto que logo depois de eu sair da principal, lá embaixo, ouvi-os passarem.
Por ali, eu me perdi, pensei que a saída pelas granjas era por um lado, mas tive que voltar, achando em seguida o caminho correto.
Estava cansado, mas cheguei logo ao asfalto que dá no Posto Magalhães, outro local ícone daquelas trilhas, pois é o local onde deixamos os carro por ter mercadinho, lanchonete, sombra, gasolina, lava-jato e banheiro.
Aproveitei para gastar meus últimos 50 centavos com um suco de caju revigorante, para, na sequência, encarar alguns quilômetros de ciclovia com piso cimentado, onde apareceu desde o cara com cavalos a motoqueiros.
Passei pela rotatória em obras do 4º Anel Viário até com certa facilidade pelo trânsito que estava, e depois a longa avenida até a Parangaba, onde encontrei alguns motoristas que mereceram gritos e tapas nos carros por fazerem merda e quase me derrubarem. Eu admito, estava estressado por causa de problemas pessoais, nada que justifique, mas é certo que a adrenalina nas discussões, em vez de me desgastarem, davam-me mais força para pedalar forte, conseguindo uma média de 30km/h contra o vento. Mas é algo que não aconselho e nem gosto de fazer, porque dói a mão, a garganta e o juízo mais tarde, arrependido pelo que acabou fazendo no trânsito, quando o objetivo é escapar sempre ileso e discreto.
Passei pela loja de bicicletas Criciclo, a qual estava fechada por já passar das 16h e logo peguei a Av. da Universidade, o trecho certamente mais tenso de se pedalar por ter vários ônibus e estreitamentos na via, tanto que, pensando melhor agora, melhor teria sido contornar a Lagoa da Parangaba para vir pela Av. José Bastos.
No Benfica, uma antes da reitoria, dobrei à direita para ir por dentro até a Av. Domingos Olímpio. Dobrei à esquerda na Av. Antonio Sales e à direita na Rua Rocha Lima, onde um cara quase me fechou com seu carro e uma mulher buzinou muito antes do cruzamento com a Rua Ildefonso Albano, tanto que me fez descer da bike pra perguntar a ela o que ela queria, porque se fosse passar por cima de mim, eu tentaria em troco colocar minha mão sobre o carro dela.
E, por sorte, e muito esforço, consegui chegar, passando pelo Dedé, o porteiro e dizendo que hoje tinha sido 100km, e ele emendando dizendo que dava pra ir a Canindé e voltar, não, até Canindé 140km.
Subi, tomei aquele banho, coloquei roupas de molho, ingeri um comprimido de relaxante muscular bebendo leite com nescau, e comi o último quarto do meu sanduíche de ovo. Desci, comprei latinhas de cerveja e queijo no mercadinho, subi, coloquei tudo na geladeira, abri uma lata, postei algumas fotos no Instagran e só depois almocei arroz integral, tomate e queijo, quando Raquel chegou.

Foi bom demais! O saldo foi positivo, mesmo com os estresses nada demais aconteceu, nada quebrou, o dinheiro deu na conta, a comida que levei foi suficiente, não faltou óleo e o corpo aguentou, garantindo assim a diversão.


terça-feira, 8 de janeiro de 2013


Hoje, fiz um treino rápido em que saí depois de tomar café-da-manhã. Fui somente com o que havia comido e água na caramanhola. A intenção era de ir até a Praia do Futuro, subir algumas ladeiras e voltar pelo Mucuripe, mas decidi ficar no Parque do Cocó mesmo, já que fui pela Av. Antonio Sales e percebi que o portão que dá acesso aos campos de futebol estava aberto.
Percorri a trilha principal, saí na calçada e entrei à esquerda para pedalar na Trilha das Azeitonas. Tive que alertar dois caminhantes a se posicionarem do lado direito, que nem carro para evitar acidentes. Uma senhora gritou para que eu fosse mais devagar e eu perguntei 'pra quê?'. Saí no calçadão, passei pela base da SEMACE e fui em direção à outra ponta, fazendo vários zigue-zagues nos gramados. No anfiteatro, um gringo lançava bolinhas de golf de uma extremidade para a outra, o que lhe rendeu um cagaço pelo perigo de acertar alguém que viesse rápido o suficiente para que ele não visse. Até comentei com os policiais na casinha deles. Saí do parque todo suado, voltando pra casa pelas avenidas Padre Antonio Thomás e Heráclito Graça. 
Como o último pedal tinha sido há 5 dias, cheguei em casa com a sensação de ter pedalado bem mais. Mas comparando, esse treino rende bem, afinal foram apenas 13,3km com 211m de subidas em 45 minutos com 17,7km/h de velocidade média.
O treino anterior foi saindo de casa e indo até a Praia do Futuro:

Aparentemente, esse treino, que foi o primeiro do ano de 2013 no dia 03 de janeiro, seria bem mais desgastante pelas ladeiras e quilometragem maior, mas não, foi tranquilão comparado ao de hoje.
De resto, continuo transportando-me de bike pela cidade, mas em pequenos percursos, entre o apartamento que moramos, a casa da minha vó, o escritório de um amigo e a loja de bike de outro amigo, a Savana, onde minha antiga bike, a Giant XTC Team está à venda.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Treino Casa - Barro Preto e video The Sea Of Rock

Treino 21nov2012
Ontem, sai de casa rumo à Messejana, tomando a Rua Ildefonso Albano como acesso para a BR116, chegando à casa do Dudu em 26minutos, numa média de 25km/h. De lá, saímos às 5h25 e cheguei em casa às 8h20, com 84,3km rodados até a Praia do Barro Preto, numa média de 28,9km/h. Na volta, próximo à UNIFOR, dei uma quebrada que me fez ingerir um GU, BCAA e maltodextrina para chegar bem em casa.

Hoje pela manhã, descobri um video muito interessante que é uma verdadeira aula sobre como descer uma trilha muito íngrime com pedras e muitas curvas em ângulos agudos:

https://vimeo.com/52834929

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

26" x 29"

Uma nova fase se inicia em minha vida de ciclista. Com muitas dificuldades, consegui adquirir uma excelente bicicleta de montanha para competição. Trata-se de uma Specialized Stumpjumper Comp 29" ano 2013. Estou com ela desde outubro e já pedalei uma quantidade de quilômetros que dão chance a tecer alguns comentários referentes ao seu desempenho. Peso excelente para uma bike tamanho 19" com pneus 29" sem peças top e com câmara de ar. Sua geometria é muito confortável e agressiva, pedindo sempre o máximo da pilotagem. Uma diferença básica das rodas 26" para as 29" é a inércia nas arrancadas, o que tenho compensado com pedalada em pé, bem tracionada em vez de ficar sentado e trabalhar troca de marchas. Algo que estranhei foi o grupo 2x10 velocidades da Sram, tanto pelas relações como pela falta de suavidade dos trocadores e câmbios quando comparados aos da Shimano.

Giant XTC Team 26" X Specialized Stumpjumper Comp 29"

Acima é possível ver as duas. Uma está à venda na loja Savana Bike Shop. 

Sua configuração é:
QUADRO GIANT XTC TAM TAMANHO 19" ANO 2010 (COM NOTA FISCAL)
SUSPENSÃO MARZOCCHI CORSA SUPERLEGGERA SR
RODAS MAVIC CROSSRIDE PRATA DISC/V-BRAKE
PNEUS MAXXIS CROSSMARK EXCEPTION SERIES
PEDIVELA SHIMANO SLX
CÂMBIO DIANTEIRO XTR
CÂMBIO TRASEIRO XT SHADOW
CORRENTE XT
FREIOS DEORE HIDRÁULICOS
RAPIDFIRE SHIMANO LX
PEDAIS DEORE
SELIM SELLE ITALIA
CANOTE DE SELIM TITEC
CAIXA DE DIREÇÃO GIOS
AVANÇO SCOTT
GUIDÃO FSA XC 280 ALLOY

Já a Specialized, com excessão dos pedais, os quais tive que colocar porque ela vem sem, está com sua configuração original, tal qual pode ser conferida no link: http://www.specialized.com/br/pt-br/bikes/mountain/sjht/stumpjumpercomp29#specs

Já pedalei com a 29" por trechos utilizados em treinos, em deslocamentos pela cidade e em trilhas em Maranguape, mas infelizmente, ainda não participei de competição alguma, pois perdi as duas últimas etapas do campeonato cearense de mountain bike, tanto em Guaramiranga, como em Tabuleiro do Norte, o que teria funcionado como mais dois testes para a grande bike.

Hoje, o treino será até o Iguape com o presidente da Federação Cearence de Ciclismo Eduardo Lopes. Indo para a casa dele agora!



quarta-feira, 20 de junho de 2012

De volta aos 11km em 25 minutos.

Semana passada, mudei de escritório. Meu destino matinal migrou do Guarapes para a Aldeota, aumentando de 6,5km para 12km. Dizem que essa distância está fora do ideal para se transportar de bike pela cidade, sendo 8km a recomendação máxima. O Google Maps calcula 25 minutos para o trajeto quando feito em algum veículo auto-motor. Complicado estabelecer essa marca como média, não conheço os critérios, mas sei que é exatamente o tempo que levo, pedalando!


Duas grandes amigas...


Tenho utilizado a ciclovia da Av. Washington Soares até onde atualmente ela alcança: em frente ao Centro de Feiras e Eventos. Do ano passado para cá, algumas melhorias aconteceram ali, como a pavimentação em asfalto e sinalização horizontal. Faltam ainda: a sinalização vertical; as passagens elevadas nos retornos; retirada daqueles PAREs ali, já que a prioridade é de quem segue no sentido da avenida, e não de quem a cruza (a não ser que tenha sinal); educação dos pedestres, coopistas e, lógico, de muitos ciclistas; e fiscalização.


Acreditem...

Daí em diante, um momento tenso até a Av. Sebastião de Abreu em que utilizo o braço esquerdo esticado na altura do ombro. Funciona! E os motoristas, em sua maioria, respeitam. Acho que por se lembrarem do 1,5m que o Código Brasileiro de Trânsito recomenda ao ultrapassar um ciclista...
Infelizmente, ainda tem alguns desatentos - ou imprudentes mesmo - que tocam o terror!

Uma curta passagem por uma das poucas áreas verdes da cidade se faz necessária, então passar por dentro do Parque do Cocó e encher os pulmões ajuda para o que vem a seguir: a Av. Antonio Sales e sua subida para dobrar na Rua Monsenhor Catão, onde a mistura de carros e motos em suas marchas de força com a presença de equipamento educacional não dá muitas chances a quem pedala, sobrando apenas o bom senso de achar uma vaga entre carros e seguir no trânsito lento até poder virar à esquerda na Rua Carolina Sucupira, que paralelamente à Av. Pe. Ant. Thomas é a melhor opção para chegar à Rua Nunes Valente.

Azul: Bike, Amarelo: "dipés"

A casa de uma ente querida da família funciona perfeitamente de base para tomar um banho, trocar de roupas, guardar a bike e, de lá, seguir a pé, completando 11,3km pedalados e 785m caminhados, 25 minutos de bike, 35 minutos por lá e 10 minutos andando, isto é, 12km em 1h10min até a porta do escritório!