segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Maranguape - Itapebussu

Após alguns dias mazelado, apareceu a oportunidade de retomar os treinos. Eu, sinceramente, estava com muitos receios de enfrentar aquela pedalada novamente. Refazer o trajeto que sai de Maranguape, mais especificamente falando do posto de gasolina na saída da cidade, ao qual chamam, acho, de “panela velha”, e vai até Itapebussu, para, dali, enfrentar aquela “subidinha” e depois descer por outra que se chama “rato”, em meio àquela temperatura de 40 graus ou mais, pra mim, parecia mais suicídio, falência de alguns órgãos ou pura insanidade esportiva. Visto que desde a quarta-feira da semana anterior, dia 06 de junho, eu não pedalava, a não ser para o escritório e na volta pra casa. Isto porque no dia seguinte ao que treinei indo até a Prainha, acordei com uma dor no joelho direito que nunca havia sentido antes, a qual acredito ter adquirido dormindo, com um joelho sobre o outro. Para complicar a situação, na terça passada, surfando na Praia do Futuro, ao rodar dentro de um tubo, a prancha fincou na areia dentro d’água e minha coxa esquerda bateu na prancha, ocasionando no tostão mais bem aplicado que já sofri, e resultando em três dias de muitas dores. Não satisfeito com as duas pernas comprometidas, a lombar tanto se esforçou para compensar movimentos que atingissem a coxa ou o joelho que estourou, lascando-me mais ainda. Desista de mais essa pedalada com o pessoal, vá não. Mas resolvi ir, confirmando com o Chaves na sexta logo pela manhã que tudo estava de pé. Ele, descrente de minha ida, ainda me ligou à noite, quando eu estava justamente refazendo o caminho que percorri com Vidal, Subrança, Joana, Alfredo, Zé Lito e Galinha há três semanas. Trabalhei no Google Earth durante bem uma hora, eliminando a trilha no segundo trecho e seguindo no asfalto logo até Itapebussu para subirmos cedo. Coloquei a trilha no GPS e fui comer lasanha e nhoque com minha mãe e minha namorada. Muita comida, boa digestão, algumas coisas pra arrumar em casa e exatamente 4h30 de sono até o despertador soar às 4h, quando levantei para comer, evacuar e terminar de arrumar as coisas que já tinham sido deixadas semi-preparadas à noite. Chaves ligou às 4h20, 4h40 ele estava pontualmente lá embaixo, a disciplina de treinos às vezes é chata... Não me esqueci de nada, nem do protetor labial que não achei, mas lá no posto, onde Alysson, Simão, Erick e Daniel já nos esperavam, consegui não lembrar que ao redefinir os dados do computador de bordo do GPS, também apagava as trilhas gravadas, e foi o que aconteceu, perdi a chance de seguir no visual do monitor o caminho correto a percorrer. 5h50 saímos os seis. Eu tentava controlar a decepção não demonstrando raiva, logo conseguir converter o sentimento em energia positiva, dizendo pra mim tudo vai dar certo, e repetindo isso várias vezes ao longo do dia. Meus pneus gastos eram uma preocupação, mas esse pensamento bom parece ter ajudado, pois não furaram nenhuma vez, ufa! Então, entramos no Cajubar e fomos até a CE065 pelas estradas de chão tão nossas conhecidas. Seguimos no asfalto com boa média de 25km/h, vento a favor, Simão e Daniel instigados à frente e, assim, logo chegamos à subida que leva à cota de quase 720m de altitude em 10km! Eram 7h11 quando saímos do asfalto. A condição da estrada é muito favorável à subida, com uma terra bem batida, poucos buracos, pouca pedra solta, algumas areias frouxas e uns patamares que ajudam a descansar. Os dois instigados dispararam, Erick tentou seguir, mas eu, Chaves e Alysson o alcançamos no final. Para mim, que já conhecia a subida numa outra condição – às 10h da manhã, tendo enfrentado trilha antes até ali onde pedalei forte, pneu furado e empurrando pra agüentar – vencer aquela inclinação toda sem passar mal, sem empurrar, acompanhando os caras e colocando o pé no chão apenas três vezes, acredito que tenha sido um sucesso. Eu estava descansado, porém destreinado, tinha força nas pernas, mas o joelho doía, precisando esforçar a perna esquerda para compensar. Ingeri um gel da VO2 no pé da subida, tomei uns goles de água com maltodextrina e cheguei bem lá em cima, só desesperado por uma coca-cola, hehe! Dali em diante, muito pedal até a descida do Rato. Mas até esse muito pedal citado foi uma surpresa pra mim, porque o que parecia bem mais longo transcorreu rapidamente, e nem foi difícil de descobrir o mesmo caminho. A corrente do Alysson quebrou e o pneu do Simão furou pouco antes de descermos. Ainda fizemos mais uma parada para tomarmos mais uma coca-cola de 2l e ingerirmos as proteínas e os carboidratos todos, cada qual com os seus. Na hora que chegamos à “descida do rato”, fui muito cauteloso: meu joelho não me dava a segurança habitual para eu pilotar a bike em pé e o medo de furar os pneus só me deixaram atingir 62km/h de velocidade máxima. Lá embaixo, mais uma parada para pegarmos água e nos informarmos sobre o caminho que nos levaria à última subida, a de um serrote antes de retornarmos ao asfalto. Nova parada num mercadinho, onde mais uma coca-cola foi consumida, algumas bananas comidas e uma partição no grupo ocorreu: Simão, Daniel e Erick seguiram pelo asfalto enquanto eu, Chaves e Alysson nos decidimos por manter o combinado de voltarmos pelas trilhas. Na real, estradões de terra batida, de uma areia quase branca, muito seca, empoeirenta, bem típica da época do ano, que dessa vez está bem mais quente, bem mais seca e muito mais desgastante. Foram bons quilômetros percorridos. Fizemos mais algumas paradas, porque eu estava pifando, mesmo determinado a chegar ao carro pedalando, nade de resgates hoje.. Logo depois, já fervendo a cabeça, paramos numa casa em que avistamos um chuveirão. O pessoal foi gente-boa e nos liberou o banho, mas de mangueira e com uma água verde de tanto lodo, que salvou incrivelmente, refrescando-nos por completo. Em seguida, paramos num lugarejo sob a sombra de um quiosque de praça, a barra de proteínas da Performance, a “feijoada completa”, como diz o Alysson, teve bons pedaços mastigados ali. Seguimos mais animados, mas aos poucos, fui ficando pra trás, o calor minando minhas forças, eu querendo parar, mas segui até o asfalto da estrada que leva à Palmácia, rezando por uma coca-cola. Não tinha mais nenhuma gelada, então resolvemos ir até Ladeira Grande, 5km depois, foi cansativo, mesmo no asfalto! Coxinha, suco de tamarindo, coca-cola e o resto da barra para encarar mais uns 8km até o carro. Os dois me deixaram pra trás, mas consegui controlar o cansaço, baixei 2mm o selim, coloquei os cotovelos nos punhos pra vencer o vento e cheguei muito pouco tempo depois deles. Foi uma das melhores trilhas do ano.
Trilha de sábado 16outubro.

Trilha com Zelito em vermelho, algumas diferenças boas.

 

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